domingo, 9 de agosto de 2009

Sobre a estante deles.

Ele: Sabe, eu gosto tanto de escrever tragédias...

Ela: Eu também gosto.

Ele: Mas parece que elas não agradam os editores.

Ela: Claro, o amor vende. As pessoas gostam daquilo que não podem ter ou mesmo daquilo que é difícil de ter.
     Não é que eu não acredite na magia e na beleza do amor, eu só duvido muito que ele seja aquilo tudo que os escritores contam... É natural idealizar as coisas, mas o amor já se tornou um objeto em liquidação. Ele é vendido a prazo, não se pode pagar a vista. Você nasce e economiza a vida inteira para comprá-lo, possuí-lo e aproveitá-lo. Se pagar a vista perde a graça, perde o encanto. Com as prestações ele vai sendo desfrutado com mais gosto, porque ainda está sendo pago. Ninguém quer estragar aquilo que ainda não saldou. Você dá uma entrada, claro, uma garantia das boas... Uns dizem que é o coração, outros a alma. Existem os que dão apenas aquela coisa que possuem no meio das pernas, ou deixam de possuir. Parte importante, ou não, de nós, o fato é que nos faz falta quando as prestações acabam. Então o amor é deixado na estante velha da vida, ao lado de outros elementos importantes e esquecidos, que ali se acumulam e acumulam pó.
    O amor sucumbe junto com os outros itens e quando a vida acaba ele vai junto, deixando apenas as fotos e palavras da memória. Nem por isso deixa de ser lindo.

Ele: No fundo todos nós sabemos disso, mas damos um valor imenso a ele. As pessoas estão cada vez mais desesperadas e precisam se agarrar em coisas fortes e possíveis em suas fantasias. Deve ser por isso que o amor vende tanto.



Nome do escritor: Dister/Lígia P.
Perfil: www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=15895653409787826175
Inspirações de escritores: vários.
Idade: 15
Blog: tobewherethereslife.spaces.live.com/blog/

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